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"Comer, rezar e amar", uma versão tailandesa


No livro "Comer, rezar e amar", a autora Elizabeth Gilbert protagoniza a história de sua viagem de autoconhecimento pela Itália, Índia e Indonésia, resumindo no título as características que a marcaram em cada um desses lugares. Aqui na Tailândia, poderíamos dizer que o trio "comer, rezar e amar" vibra em cada um dos cantinhos do Reino.


Definitivamente, não é sem motivos que a Tailândia é o destino turístico mais visitado do Sudoeste Asiático. Conhecido como o “país do sorriso” (imaginem a simpatia do povo!), o Reino da Tailândia é cheio de praias lindas e incríveis pontos para mergulho, tem uma culinária maravilhosa, clima agradável, boa infraestrutura para turismo, milhares de templos budistas e ainda é um dos países mais baratos para viajar. Quer mais? Então aqui está: é bem seguro, com baixíssima criminalidade.


Encontramos ainda muitas semelhanças com nossa "terrinha", apesar de estar do outro lado do globo em relação à “nossa casa” e ser um país 16 vezes menor que o Brasil. Quando viajamos, independentemente do destino, levamos conosco nossas bagagens culturais, referências, o nosso “histórico” de experiências e, por isso, é comum comparamos as novidades, o que estamos vivendo, com toda essa nossa bagagem. Por aqui sentimos aquele calorzão úmido, abafado, com chuvas intensas, típico da Amazônia. E também aquelas praias lindas de areias brancas, águas azuis esverdeadas, margeadas de florestas e rios, como as da região de Paraty (RJ). E as comidas banhadas a leite de côco e muito coentro do nosso Nordeste? Sim, tem por aqui também. E aquele sorriso da gente simples e amável do interior do Brasil? Bem, junte tudo isso, dê uma atmosfera pacífica e budista, adicione milhares de templos e elefantes e seja bem vindo à Tailândia!!


Férias dentro das férias?


Depois de cerca de 7 meses de viagem, uma pessoa me perguntou se eu estava gostando das minhas férias. Isso me soou tão estranho! Férias???!! Que férias??! Parecia que eu estava em qualquer outro “status”, menos “em férias”! Hehe. Seria uma óbvia conclusão para qualquer um que nos visse com as mochilas nas costas, nos movendo de um país a outro, durante tanto tempo, sem trabalho fixo, certo? Entretanto, depois de termos voluntariado em fazendas orgânicas por um total de 5 meses (com intervalos), sentíamos que realmente precisávamos de férias! Um tempo para descansar o corpo e não nos preocuparmos com o trabalho nas fazendas ou em ficar procurando hospedagem ou atrações turísticas para visitar. Queríamos parar! Queríamos também ter tempo para escrever atualizar o blog e estar perto da natureza.


Ao longo dessa jornada temos encontrado viajantes do mundo todo, mas a grande maioria proveniente da Europa e América do Norte. Muitos estão em férias por alguns dias, semanas e até meses! Outros estão numa fase entre o fim da faculdade e início da vida laboral e, outros – surpreendentemente muitos outros, que deixaram para trás o emprego, família e conforto do lar e estão com a mochila mundo afora por meses e até anos. Percebemos que, especialmente para esse último grupo, a falta de rotina pode ser cansativa e às vezes estressante. "Estressante! Por quê? Como!?". Bem, a qualidade da viagem e, por conseguinte, o nível de estresse e de “relaxamento”, depende basicamente: (1) de como encaramos o planejamento contínuo, por exemplo, aonde iremos, como nos deslocaremos, onde comeremos e dormiremos, quanto podemos gastar, e (2) como reagimos ao que nos acontece, como ficar doente, ser assaltado, dividir um barco com centenas de turistas bêbados ou tomar um “golpe” de algum agente de turismo mal intencionado. Estamos aprendendo bastante nesse quesito e, hoje, para estarmos leves e tranquilos na viagem nos apoiamos no trinômio: (1) aceitar o momento presente, independentemente se nossa mente o julga como bom ou ruim, (2) seguir a intuição e (3) deixar-se levar pelo “fluxo do rio da vida”.


Com isso em mente, começamos as nossas “férias” na Tailândia. Planejamos ficar 2 meses, sendo: 15 dias num chalé de frente para o mar, 10 dias na floresta, 10 dias entre cidades e atrações turísticas, para finalmente, voluntariarmos por 3 semanas em uma fazenda orgânica no norte do país.

Compramos os bilhetes aéreos, reservamos um chalé pelo AirBnb, fizemos as malas, deixamos 4kg de bagagem para trás, demos um abração na famiglia Chinaglia-Baruzzi querida e partimos rumo à Ilha de Phuket.


Russos, praias e mercados


Saindo do aeroporto de Bologna, fizemos conexão em Moscou antes de chegarmos à Ilha de Phuket. Ali já percebemos que os russos a-do-ram passar férias na Tailândia. O avião da companhia aerea russa Aeroflot estava lotadinho, sendo que esmagadora maioria parecia de russos.


Ao chegarmos ao aeroporto de Phuket – cheio de placas em tailandês e russo, um taxista amigo do nosso anfitrião no AirBnb foi nos buscar e, como é bastante comum, no caminho parou no “7 Eleven” para compramos comidinhas, já que o chalé ficava em um lugar meio isolado. Nossa! Quanto “porcaritos” de arroz sabor alga nesse 7 Eleven! Uhuhu! Que delicia! Laticínios e pães por aqui são itens raros e a pimenta corre solta até nos miojos e outros itens industrializados.


Depois de 1 hora de carro pela cidade de Phuket, entramos num caminhozinho margeado de florestas e chegamos pertinho da praia. Uau!!! Que praia mais linda! Dali, com as mochilas nas costas, fomos caminhando pela areia branca até o nosso chalé. Era tudo o que precisávamos.

Tínhamos um casal no chalé vizinho. Adivinhe qual era a nacionalidade? Sim, russa: Alla e Vladimir, diretamente de São Petersburg. Conversamos, passeamos, nadamos, compartilhamos a mesma cozinha e comemos juntos por 1 semana. Foi uma delicia conviver com eles!


A praia era bem afastada de tudo e tinha apenas um restaurante caseiro a 300m, alguns pescadores, uma escola para ensinar a velejar, algumas casinhas de “nativos” e para alugar e um hotel recém-construído com vários turistas russos e chineses bem de frente para a areia. Percebíamos que a praia “lotava” quando os 15 russos e chineses do hotel estavam caminhando na beira mar. hehe


Como o mercado popular ficava a 5 km, os russos trataram de alugar uma vespa. Nós, como não sabíamos nos locomover assim - e aqui eles dirigem do lado esquerda da rua - preferimos o estilo “mochileiros” e íamos (o Clever, hehe) a pé, suando com o mochilão. Invariavelmente os tailandeses nos ofereciam carona em suas vespas, sem mesmo pedirmos. No mercado vendem-se comidas já preparadas e apimentadas, frutas, legumes e utilidades domésticas. Apesar da maioria da população ser budista, o preceito “não matar” e, por conseguinte, do vegetarianismo, não são muito praticados por aqui como pensávamos. Como eles não falavam inglês e o nosso tailandês só tem duas palavras, era bem difícil saber se

uma refeição já preparada era vegetariana. Na dúvida, comprávamos os temperos, folhas, frutas e legumes e nós mesmos preparávamos as pastas de curry tailandês. Um dia, com aquela baita vontade de comer doce, fomos ao mercadinho. Logo na entrada vi algo caramelizado, coberto com gergelim, dentro de uma embalagem plástica. Comprei na hora! Só R$0,50! Ao abrir o “docinho”, cheia de vontade, vi que eram lulinhas secas agri-doces com pimenta!!!!!!!!! Pode isso, Arnaldo!??? Hehe Experimentando e aprendendo... Aprendendo a perguntar da próxima vez...hehe


Notamos na frente de vários estabelecimentos comerciais havia um templo em miniatura. Descobrimos que esses templozinhos são as “Spirit Houses”, com estilo semelhante às casas e templos e origem em um sincretismo religioso entre o budismo tailandês, cristianismo e animismo. Elas são cuidadas e ornamentadas diariamente e têm sido construídas há muitos anos para que os espíritos vagantes possam abrigar-se ali, em vez de perturbar a turminha nas casas, comércios e órgãos governamentais. Vimos uma em frente à sede da Policia Federal Tailandesa! Boa ideia pra nós aí no Brasil, né? hehe


Praias, florestas e culinária tailandesas


O Sul da Tailândia é conhecido pelas praias maravilhosas, picos incríveis para mergulho e também para escalada. Numa das manhãs contratamos um barco com um pescador tailandês no timão e fomos para a famosa Banana Beach, na Coral Island. Águas quentes e cristalinas, floresta com tucanos, areias brancas e um recife de coral bem pertinho da costa. Nós e outros 300 turistas chineses passamos o dia mergulhando e curtindo a praia. Os cenários paradisíacos da Tailândia ganharam a atenção dos turistas há pouco tempo. Não se sabe exatamente quando essa paixão começou, mas uma coisa é certa: os olhares e as visitas aumentaram depois que uma de suas praias serviu de cenário para o sucesso protagonizado por Leonardo DiCaprio, no filme “A Praia”. Descobrimos que essas praias famosas como Phi Phi, aquela do “James Bond” e outras atraem milhares de turistas e, por isso, decidimos continuar os demais dias no nosso cantinho longínquo e perdido no mapa.


Depois de 2 semanas, nos locomovemos até a região do Parque Nacional de Khao Sok, a 1 hora em direção norte de Phuket. O parque tem uma área de 739 km² e está situado em uma área de relevo cárstico coberto de floresta. A nossa hospedagem estava próxima a uma das entradas do parque e dali podíamos caminhar e fazer as trilhas autoguiadas dentro do Parque. A floresta parece um misto de Amazônia, com árvores de troncos retos e copas altíssimas, com Mata Atlântica, de relevos altos e baixos, cavernas e riachos cristalinos. Tudo isso com uma diversidade incrível de espécies de plantas que nunca tínhamos visto na vida (exceto o bambu!). O banho de rio é bem convidativo e, não fosse pelos peixinhos que mordem e arrancam pedacinhos do pé, a gente poderia nadar por horas e horas! Hehe


A outra entrada do parque Nacional fica a 1 hora de carro e é imperdível. Então contratamos uma excursão para conhecer e pernoitar no famoso lago Cheow Lan. Ao longo do lago, fruto da inundação de uma área para geração de energia elétrica na década de 70, estão os bangalôs flutuantes. Adoramos a hospedagem, numa atmosfera silenciosa que só é eventualmente rompida por alguns "vizinhos" da mata atrás do bangalô, por exemplo, uma família de porcos selvagens tomando café da manhã! Hehe Que belezinha! Bem, resumindo: o lago é um dos lugares mais lindos que já visitamos e a região ainda tem trilhas na floresta com travessia de rios e cavernas e muita diversão! Recomendamos.


Ah, não podemos encerrar essa seção sem falar da mundialmente famosa culinária tailandesa! Creio que é missão impossível descrever tantos aromas, sabores, texturas, combinações... Por aqui se utilizam frutas, temperos, ingredientes que dificilmente são vistos pelo Ocidente, como capim-limão, galangal, folhas de um limoeiro especial e ainda jaca, tamarindo e brotos de samambaias. Para dar aos amigos a oportunidade de experimentar essa riqueza, Clever e eu fizemos um mini-curso de culinária vegetariana tailandesa!! Uhuhuh Além disso, durante minha estadia na fazenda Mindful, também pude aprender bastante. Assim, podem esperar (e cobrar) a preparação de comidinhas deliciosas na nossa volta!


Uma vila, um templo


Durante a nossa estadia como voluntários na Mindfulfarm (que será matéria do nosso próximo post), pudemos aprender sobre o budismo tailandês na prática e nos discursos do Pi Nan, ex-monge budista e responsável pela fazenda. Ele dizia: “Na Tailândia, há um templo para cada vila". De fato, há mais templos que vilas: são mais de 40 mil em todo o País! Pequenos, imensos, dourados, simples, de todo jeito. Para entrar nos templos você tem que estar vestido de forma apropriada, o que significa calça ou saia abaixo do joelho, pelo menos, e ombros cobertos. O ideal é levar uma canga ou lenço e jogar por cima dos ombros, se estiver de blusinha. Você sempre tem que tirar o sapato pra entrar, e não pode se sentar com os pés apontados para o Buda.


Nós visitamos diversas vilas e 3 cidades na Tailândia. Chiang Mai, a segunda maior cidade do país, é considerada a capital espiritual da Tailândia e possui mais de 300 templos. Há diversos dentro do centro histórico, mas o mais famoso, Wat Doi Suthep, fica no alto da montanha que circunda Chiang Mai, a cerca de 8 km. Lindíssimo! Apesar de ser uma grande cidade, nos encantamos com a atmosfera budista, os templos e a vida dos monges.



E...depois de praias, florestas, rios, lagos e templos, seguimos para o trabalho voluntário na Mindful Farm, para uma imersão na yoga, meditação, veganismo, agricultura orgânica e budismo. Aguardem o próximo post!



Vocês podem encontrar mais das ma-ra-vi-lho-sas fotos do Clever clicando aqui: ou no ícone do Flickr à esquerda!!




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