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OS NOSSOS PRIMEIROS 15 DIAS e os amigos não humanos dessa jornada.

Estamos completando 15 dias de viagem. Durante esses dias tivemos contato com realidades muito similares ao Brasil, como a multiculturalidade, alguns resquícios da segregação racial e da desigualdade social presentes na ocupação dos territórios, nos idiomas, na cultura de um modo geral e outras realidades completamente diferentes da nossa vidinha em São Carlos.


A vida aqui em Greyton vai muito bem. Encontramos pessoas de várias partes da África do Sul e alguns estrangeiros que vieram aqui há mais de uma década e decidiram ficar. Soubemos que mais de 14 famílias decidiram mudar-se para cá pela característica “ecológica” da vila.


A seguir seguem algumas fotos do nosso trabalho essa semana na ONG em que estamos atuando como voluntários, a Greyton Transition Town (GTT), que vão desde cuidar da horta até ajudar na feira de orgänicos...hehehe


Hoje também gostaríamos de compartilhar as ações da GTT especificamente na educação dos humanos em relação aos não humanos.


Humane Education (Educaçao Humanitária)


Quem já não se derreteu com um cachorrinho todo feliz vindo em sua direção ou com um filhotinho de gato com aqueles olhinhos de “Gato de Botas”. Ownnn. Fofura total!! Eu sempre me perguntava por que nos “derretemos”, somos tão “humanitários”, amáveis e fazemos qualquer coisa para que nossos bichinhos de estimação fiquem bem, ao mesmo tempo não queremos saber o que acontece com os outros milhões de animais que são criados e mortos todos os dias para nos alimentar. Essa pergunta intrigante foi parcialmente respondida quando a minha amiga vegana e ativista dos direitos do animais, Lara Padilha, me emprestou livro “Por que amamos cachorros, comemos porcos e vestimos vacas?”, de Melanie Joy. Boa pergunta! Estava tão intrigada com os aspectos culturais da alimentação com carne que pedi a outra amiga e antropóloga, Clarice Cohn, me emprestar artigos sobre a relação de grupos indígenas no Brasil com os animais domesticados por eles. Vocês acham que eles se alimentam dos animais que domesticam, como macacos e porcos selvagens? Bem, outro dia eu conto um pouco sobre isso, ou quem sabe a própria Clarice não nos brinda com um texto sobre o tema? (fica o convite!).


Bem, não vou apresentar as razões levantadas pela a autora, PhD em Psicologia, mas recomendo a leitura àqueles que algum dia já se fizeram essas perguntas.


Em muitas partes do mundo milhares de pessoas vem refletindo sobre nossa alimentação e sua relação com a crueldade com os animais. Aqui na África do Sul, a “tradição” é do famoso braai, como já comentamos em outro post (ver post aqui) – churrasco nos finais de semana. Durante a semana, sempre tem carne no prato, pra quem pode pagar por isso, claro - apenas uma parte da população sul-africana. Milhões ainda estão abaixo da linha da pobreza, como no Brasil.


Na contramão dessa cultura de consumo de carne e a exemplo de outras milhares de organizações mundo afora, a equipe do Greyton Transition Town (GTT) se esforça para trazer o tema do bem estar animal e vegetarianismo para a educação de crianças e jovens. Uma das maneiras utilizadas é permitindo que eles tenham contato direto com animais que foram resgatados, como pássaros, ovelhas e porcos.


Fomos acompanhar uma dessas intervenções em uma escola aqui de Greyton. Tudo é acordado com a direção da escola e com os professores. As crianças ficam esperando o dia em que os bichinhos irão à sala de aula delas. Há uma intervenção educativa prévia à interação com os bichos. Quando a professora dá o sinal, as crianças ficam animadíssimas! Elas se sentam em meio círculo, enquanto algum membro da ONG conta como aquele bichinho, no caso um porquinho, veio parar ali: sofria maus tratos no lugar onde era criado, foi resgatado e agora vive no Santuário Animal de Greyton – o paraíso dos porquinhos na Terra - hehe! Depois a conversa é direcionada para a empatia com os bichinhos, aproximando a vida das crianças da vida animal. No fim, elas interagem diretamente com os bichos, dão abraços, cafuné e tudo mais e voltam para a sala de aula saltitantes. A GTT tem objetivo de levar essas intervenções para todas as crianças e jovens de Greyton.


Na vila também tem um braço da Sociedade para o Bem Estar Animal (Animal Welfare Society) e participamos de uma reunião com os voluntários e trabalhadores contratados. Eles atuam na identificação de casas com maus tratos aos animais, orientação aos proprietários, regaste, castração dos bichos e realizam feiras para incentivar a adoção de cães e gatos. Fiquei impressionada com a declaração do trabalhador da ONG quando perguntado se era difícil entrar na comunidade, ter que “conversar” com os donos de animais sob maus tratos e por vezes ter que recolher o animal dali. Ele disse que nos anos dedicados a esse serviço ele fez centenas de inimigos, mas o dobro de amigos e era por isso que ele seguia firme e forte. E abriu um sorrisão!



Hoje foi dia de “mutirão de castração” gratuita de cachorros aqui em Greyton, com apoio de 2 veterinários da região e membros das ONGs. Foram quase 60 cirurgias! Os donos se inscrevem, levam seus cães até o local, recebem instruções sobre como proceder no pós-cirúrgico e tudo fica registrado para futuro acompanhamento.


Essas ações são parcialmente financiadas pela Sociedade para Educação Humanitária (Humane Education Society) e pelo governo sul-africano. Na semana passada uma auditora da dessa organização (Humane Education Society) veio da Inglaterra para avaliar as ações empreendidas e resultados alcançados. Me disse que saiu daqui impressionada com o progresso da turminha. Muito bom!



Junto às ações dessa linha de bem estar animal, está o incentivo à redução do consumo de carne. Para isso, o “Pure Café”, mantido pela ONG, oferece refeições ma-ra-vi-lho-sas a preços acessíveis e com menu inteiro vegano e vegetariano.


Ainda ligado a esse tema, a GTT também apoia a produção local e o aumento do consumo de hortaliças, legumes e frutas. Para isso, a ONG trabalha com produtores da região e mantem três pontos de venda desses itens a preços abaixo do mercado. Aos sábados e 4as feiras na feirinha e no Pure Café durante a semana inteira. Hoje estivemos ajudando na feirinha e foi super bacana: todo mundo se conhece, parabeniza a turma da ONG pelos esforços e ainda leva alimentos frescos, orgânicos, baratos e de produção local para casa.

Aos voluntários, como Clever e eu, são oferecidos a acomodação (estamos hospedados no Ecolodge, nossa casa nesse mês) e também o livre consumo dos itens da feira e da horta local. Agora é temporada de abóboras (squash, butternut e pumpkim), batata doce, berinjela e tomates. Estamos cozinhando em “casa” e aprendendo alguma receitas novas pra usar todas essas abóboras! hehehe.


Aproveitando a temática “animal” do post, estamos inaugurando a seção “Amigos não humanos” do blog. Acesse aqui para conhecer nossos amigos!


Por hoje é só. Um abração!

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